28 de jun. de 2019

"Eu vim de lá do interior..."


Uma música muito famosa do padre Zezinho que sempre ouvi durante a infância e que emociona bastante dizia assim:

♪"Eu vim de lá do interior, aonde a religião ainda é importante, lá se alguém passa em frente da matriz, se benze e pensa em Deus e não sente vergonha de ter fé." Pe. Zezinho♫

Talvez na época em que a música foi escrita era tal como padre Zezinho descreve. Mas infelizmente, nos últimos interiores em que fui, a realidade que vi não é bem essa, o que me partiu o coração.
Sabemos que antigamente a religião católica era consenso, sempre tinha uma igrejinha para a qual as pessoas recorriam para os sacramentos. Também era consenso que as orientações mais corretas para a vida vinham da igreja, do que o padre falava. Agora, o que se vê mais são igrejas evangélicas. E nas igrejas católicas, quando há alguma celebração comum, apenas algumas 10 ou 20 senhoras, junto com algumas crianças. Nas praças, muitos jovens ouvindo música alta. Quanto à frequência da missa, uma vez por mês ou menos. Das pastorais e grupos que existem, apenas aquelas de manutenção, como dízimo, catequese, coroinha, terço, e um ministério de música simples. Pode-se dizer que pelo menos tem, e de fato, é melhor do que não se tivesse nenhuma igreja.

 Me pergunto o porquê do esvaziamento destas igrejas. Creio que um dos motivos é o fato de que as igrejas evangélicas podem ser abertas por qualquer um que se disponha, e pelo fato de que o discurso deles de "católicos adoradores de imagens" e blablablá acaba sendo convincente e "roubando" muitos fieis católicos que não tiveram a oportunidade de ter uma catequese explicativa dos pilares da nossa fé. Além disso, há cada vez menos sacerdotes, sendo difícil a uma arquidiocese atender a demanda das igrejas necessitadas... sem sacerdotes, não há Jesus Eucarístico, coração da vida eclesial, e o povo fica como ovelhas sem pastor. O outro motivo é o enfraquecimento das famílias, que uma vez desfeitas e desestruturadas, acabam por não conseguir passar princípios de fé para os filhos, que passam a não ver atratividade na igreja, recorrendo assim à vida desregrada. Consequência disso é justamente o exposto no motivo anterior, visto que dificilmente irão sair vocações sacerdotais de famílias assim.

Algo que também tem uma grande parcela de culpa é a visão de família do mundo, que já tem dominado a mente de muitas pessoas de fé. De que o jovem deve protelar o maior tempo possível para formar uma família, devendo antes se estabilizar na vida quanto aos estudos e ao trabalho; e quando casar, ainda demorar um tempo para ter filhos para "curtir" o casamento; e quando tiver, espaçar bem os filhos ou ter só um mesmo. Nessa "brincadeira", já não vemos mais tantas famílias reunidas com seus filhos na igreja. Há muitos jovens adultos alongando sua juventude em grupos jovens por não querer assumir uma vida adulta, afinal, "casar envelhece" (como já ouvi de alguns). Até alguns mais velhos infelizmente se deixaram levar por essa mentalidade: já fui interpelada várias vezes por senhoras na minha igreja questionando se eu já "liguei" e "por que não", afinal "tá tudo muito caro e etc!".

No final das contas, a meu ver, tudo depende das famílias, elas são a base para a igreja se renovar e fortificar! Delas, das igrejas domésticas, brotarão as virtudes, por meio das quais os filhos serão mais atentos à vontade de Deus para suas vidas e à vocação que Ele quer para cada um, prestarão o auxílio necessário para a igreja e suas pastorais, farão uma diferença onde viverem.

Porém, creio que o mais importante para que essa realidade de esvaziamento das igrejas mude, é a oração e a missão. O próprio Jesus pediu para rezarmos sempre para Deus enviasse operários para sua messe, então temos que pedir isso todos os dias. Para que suscite sacerdotes, e também religiosos, que são principalmente estes que sustentam a igreja com suas orações, vocações matrimoniais, para que delas nasçam santos servos, e para que suscite também missionários, isto é, pessoas cheias do espírito santo que saibam viver uma vida leiga anunciando o evangelho de forma sutil porém assertiva, no meio de territórios tão necessitados, e também dando o apoio necessário nas igrejas em seus ministérios. O decreto Ad Gentes (Sobre a Atividade Missionária da Igreja), escrito em 1965 à época do CVII ainda está bem vivo para nos mostrar os caminhos a seguir!

Então é isso... não esqueçam de rezar pelas vocações. Obs.: não deixem de cantar e ouvir a música do padre Zezinho rsrs, foi só uma reflexão!


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