4 de abr. de 2018

Crise financeira educa...

     Antes de me casar, meus pais nunca me deixaram transparecer alguma situação de dificuldade financeira, certamente para me poupar desse tipo de preocupação. Dessa forma, cresci com pouca noção de contabilidade doméstica. Nos casamos jovens (22 e 24 anos), podemos dizer que "lisos" também, rs. Eu ganhava uma bolsa por atividade de extensão e ele estava desempregado mas havia passado num seletivo do qual ganharia pouco menos de dois salários e estava aguardando convocação. A celebração do casamento foi o mais simples possível e teve muita ajuda de familiares e irmãos de comunidade. E incrivelmente ainda sobrava dinheiro para poupar. Hoje estamos melhor de vida, ele assumiu a vaga e eu também consegui um emprego. Nunca precisamos pagar aluguel e, até pouco tempo atrás, não tínhamos nenhuma dívida fixa, o que dava de vez em quando para comprar um luxo aqui e ali no débito, seja um vídeo game, um armário etc. Não gostava de pagar nada no crédito. Agora os tempos mudaram para nós!...

     Vieram algumas dívidas fixas - carro, pós-graduação, casa etc - de maneira que temos fechado o mês quase sempre no vermelho e ainda não consegui colocar meus planos de trabalho autônomo em prática. Pagar coisas de mais de R$100,00 agora é quase sempre regra ser no crédito, e ainda parcelado!

     Embora essa situação tenha seu lado ruim, acaba que pude viver um pouco do que tantos vivem hoje em dia, com o dinheiro contado pra sustentar a família (apesar de nossa situação não estar extrema), e pude também encontrar várias estratégias de economia na dinâmica do lar. Nós devemos, sim, dar o que podemos dar de melhor aos nossos filhos, mas esse melhor, muitas vezes, é o mais simples, o suficiente que faça ele elevar o coração a Deus e agradecer porque a ele não falta nada, e não elevar o coração ao que é material e passageiro. Esse melhor, pode estar em ensinar o filho a fazer um brinquedo (o que acaba por instigar tantos talentos na criança), e não em comprar um brinquedo caro. Somos recharçados por ter aceitado um segundo filho "nessa crise", mas nesses tempos estivemos calculando, por exemplo, sobre o quanto podemos economizar com alimento (seguindo nossos hábitos alimentares para 3 pessoas):
- 1 pacote de cuscuz: R$1,00  - 3 refeições (jantar ou café da manhã);
- 1 kg de salsicha: R$6,00 - 3 refeições (salsicha frita em pedacinhos é uma delícia!, ou então pra jantar, no cachorro quente ou no macarrão);
- 1kg de fígado: R$7,00  - 3 refeições;
- Horta em casa (couve, cebolinha, cheiro verde, jongome, vinagreira etc): economia de pelo menos R$2,00 por dia.
     Há quem vá dizer que salsicha, por exemplo, não é saudável e blá blá blá... assim como hamburguér, carne de segunda, margarina (e não manteiga),  óleo ( e não azeite), açúcar branco (e não mascavo), ricota e apresuntado (no lugar do queijo com presunto); mas são esses alimentos que permitiram, pelo preço mais acessível, que muitas famílias não passassem fome e, para fazer o dinheiro render, vale a pena sim optar pelo mais barato...

     Não só na alimentação, mas em outros quesitos também pude encontrar novas formas de fazer o dinheiro render. Além disso, pude dar mais valor ao que ganhamos dos outros, e a cada real que sobra para comprar pão; pude ver com mais empatia o sentimento de quem nos pede à porta ou no ônibus com a aflição de quem não encontrou nenhum outro meio para alimentar a família naquele dia. Ainda que tenhamos pouco, sempre é possível ajudar o outro. Enfim... o melhor da vida consiste nisso: tirar um aprendizado de cada situação da nossa vida!

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