3 de abr. de 2017

Testemunho de Carmen Hernandez

"Tudo depende da mulher, porque tem a fábrica da vida. Por isso a serpente persegue a mulher desde a primeira parte do Gêneses até o fim, no Apocalipse. Por isso as primeiras que anunciaram a Ressurreição foram mulheres, porque tem a vida dentro de si, sabem o que é." Carmen Hernandez (sobre o aborto)



Carmen Hernandez foi iniciadora do Caminho Neocatecumenal juntamente com o Kiko e o Padre Mário, na Espanha, e faleceu ano passado, dia 19 de julho de 2016 . Enquanto membros deste movimento (no meu caso, desde 2008), somos bastante familiarizados com suas pregações. Carmen tem uma história de vida muita bonita, de fidelidade à Igreja e de insistência pela coerência do movimento para com a Igreja, história esta que nos foi apresentada com mais detalhes após sua morte. 

 Ela era vocacionada desde sua juventude, inspirada pelos jesuítas, e sempre alimentou o desejo de ser missionária na Índia, mas seu pai queria que ela e os outros 8 irmãos se formassem e trabalhassem na indústria. Tentou várias vezes ir para a missão, mas por pressão do pai, concluiu seu curso de Química, e então, sendo de maior, foi para a missão. Mesmo durante sua graduação, nunca deixou de ir à Missa diária, o que a alimentava e dava forças.

Entrou então para um instituto de freiras fundado por missionárias do Japão. As irmãs deste instituto estudavam Medicina, mas como Carmen já tinha um curso superior, estudou Teologia. Antes de fazer os votos perpétuos, houve várias mudanças das regras do instituto, devido à mudança de coordenação, que eram mais rigorosas. Após esta mudança (sem entrar muito em detalhes) muitas irmãs, incluindo Carmen, foram afastadas do instituto por não concordarem totalmente com as novas regras [dizem que Carmen levou junto do instituto o Espírito Santo pois não surgiram mais vocações para lá!]. Carmen e as outras, apesar de tristes, continuaram a missão, viajaram muito, foram até à Terra Santa.

Mal sabia Carmen que, em uma dessas viagens iria encontrar-se com Kiko, em uma das favelas de Madrid, convivendo com os pobres, favelados e ciganos, anunciando o Evangelho. Nessa época Carmen se impressionava ao ver o quanto as pessoas se interessavam pela mensagem de Cristo, e quanta fé e sinceridade tinham, mesmo sem ter nenhuma instrução; às vezes se sentia uma farisaica por achar que apenas com formação profunda poderia compreender a mensagem evangélica.


Carmen passou então a ajudar a Kiko na missão na favela, através de sua formação. Ela dava as catequeses iniciais (o kerigma) que fez converter muitas pessoas, pobres, bêbados, prostitutas das favelas; as catequeses eram complementadas com os cânticos que Kiko compunha, baseados em passagens bíblicas. O bispo local, ao ser chamado para conhecer, se emocionou tanto que pediu para eles pregarem as mesmas catequeses nas paróquias. São as catequeses que até hoje recebemos nas paróquias, para entrar no Neocatecumenato.

Carmen então estudou sobre o Rito de Iniciação cristã para Adultos (RICA), que estava sendo reformulado pelo Concílio Vaticano II, e após as catequeses iniciais as pessoas então iniciavam o catecumenato, chamado então "neo-catecumenato" ou "caminho neocatecumenal", já que seria um catecumenato pós batismal, diferente do catecumenato vivido nos primeiros séculos da igreja que era feito antes do batismo. E assim o caminho foi crescendo, formando comunidades pequenas que iam vivendo exatamente as etapas do RICA.

Desta forma, vemos que o "Caminho" não foi pré-concebido, mas nasceu pela obra do Espírito Santo, com seu carisma próprio. Se em alguns momentos o Caminho errou, seja na forma de celebrar ou de catequizar, a Igreja foi corrigindo, principalmente por insistência da Carmen, que até sua morte insistia para que o movimento fosse sempre fiel à Igreja e que fosse combatido o "Kikianismo" - como até hoje muitos acusam o Caminho - no sentido de que ele deve ser centrado na Igreja, no Papa, e não na pessoa do Kiko, além de sempre insistir na importância da mulher no seio da Igreja. Hoje temos inclusive o diretório específico para o movimento. Todos os papas sempre o apoiaram, pois poucos movimentos conseguiram seguir o RICA de uma forma tão frutuosa, e dão tantas vocações sacerdotais, matrimoniais e missionárias como ele.

Dizem que muitos milagres já foram atribuídos à intercessão de Carmen, após sua morte. Se forem comprovados pela Igreja, em breve acompanharemos seu processo de beatificação. Mas que desde já peçamos sua intercessão para que ajude-nos a sermos sempre fieis a Deus e à Igreja, e nos ajude a saber evangelizar, e a não ter medo de anunciar!








5 comentários:

  1. Muito bom texto...
    retrata um pouco do que vivemos dentro do Caminho.

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  2. Lindo texto!!
    Sou do caminho desde que nasci, (nasci por causa do caminho, pq os planos dos meus pais eram de 2 filhos apenas e eu sou a terceira).
    hj sou mãe e após a morte da Carmen sempre recorro a ela em casos de aperto!
    Eu trabalho fora e sou mãe de 4 crianças. Um dos maiores casos foi quando eu estava com meu caçula no hospital com uma infecção nas vias aéreas causada por um virus, na mesma época muitas crianças adoeceram, a UTI do hospital lotou!! Foram dias só piorando, até q tive a inspiração de recorrer a ela - lembro q eu dizia: é inspirada nas suas palavras q hj eu sou aberta a vida, este eu só tenho pq estou na vontade de Deus!! pelo amor de Deus interceda!! No outro dia Jonas amanheceu bem, e pôde sair da UTI!!

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  3. Neste blog eu havia publicado um texto sobre minha saída do neocatecumenato, porém para minha segurança eu o exclui, porém encontra-se traduzido para o italiano no blog: https://neocatecumenali.blogspot.com/2019/02/brasile-gli-errori-del-cammino.html .

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  4. Meu filho é fruto da oração, pedi a interseção de Carmem junto à Deus. Pedi na verdade pra que uma criança sem casa viesse pra mim, pois eu lhe daria o amor que não pude dar ja q nao podia ser mãe. Iniciei minhas orações na quaresma, e no domingo de Páscoa descobri minha gravidez. E assim veio ao mundo meu Samuel, após 9 anos acreditando ser estéril, gerei uma criança em meu ventre.

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